Jornal do CAECO

Archive for junho 13th, 2011

Joker

Posted on: 13/06/2011

“(…) quia peccavi nimis cogitatione verbo, et opere: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa” (em português: (…) porque pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras e obras,  por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa)

 

Repudiada, renegada, excluída, confusa, inverossímil, a que não serve para nada.

Faltam adjetivos para traduzir a relação entre a maioria dos estudantes do IE e a avaliação de curso realizada semestralmente.

Acompanhamos as últimas 5 ou 6 avaliações de curso coletivas. Foi um literal mais do mesmo. Mais do nada, nesse caso. Se antes a proposta era “vamos melhorar”, agora é “precisamos averiguar”, “esta mudança já consta no novo catálogo” (vendido como uma verdadeira tábua de salvação do curso). Escuta-se, discute-se, mas a sistemática é a mesma. Os professores são os mesmos, as pessoas demoram para mudar, sabe como é…

Nas avaliações de curso individuais, poucos, se não nenhum dos professores que conhecemos e tivemos aulas por dois ou mais semestres, aparentaram ter aproveitado, ou sequer notado, as críticas que lhes dirigimos através dos formulários anônimos de avaliação.

Há quem considere nosso curso anacrônico, muito criticozinho e pouco funcional. Há quem o considere, pelo contrário, crítico de menos, limitado, apologético, saudoso do que não exista mais. Há quem o considere o mais completo do país. Entretanto, caminhamos para uma mediocrização sem paralelo. Ou será que estamos sendo, nós, do IE/UNICAMP, o que nunca deixamos de ser?

“Mas na hora da cama/ Nada ficou direito/ É minha cara falar/ Não sou proveito/ Sou pura fama…”

 

E é daí que retornamos do nosso devaneio e chegamos à segunda parte. Que é a parte que nos toca, que toca aos nossos colegas de Instituto. O papel dos estudantes nisto. Há quem atue na graduação como se estivesse num drama, outros numa comédia e há ainda os que preferem o terror e os musicais, ou pior e melhor, tudo junto e misturado. Contudo, estamos encarnando atualmente colegas apenas um papel: o de PALIAÇOS [sic], consciente ou inconscientemente. Se o curso piora em várias frentes temos sim nossa parcela de culpa, apesar desta ser menor que a dos professores, que têm o poder de escolher seus pares mediante os três tipos de prova (escrita, títulos e argüição) do concurso público que os contrata (existe a imprevisibilidade dos candidatos, existe; entretanto as ditas “afinidades eletivas” já são uma barreira e tanto para isto) e cujas escolhas nem sempre correspondem (ARGUIÇÃO!) em qualidade na sala de aula na prática docente.

Onde reside nossa culpa, colegas? Reside na acomodação, acoxambração, verdadeiro pacto de mediocridade que nos permeia. “Ah”, mas dirão alguns, “a gente não pode fazer nada. Entrou no IE, comprou o pacote fechado” ou “quem entrou na dança que balance a criança”. NÃO!!! Há sim espaços decisórios para serem ocupados, onde, por mais farisaicas que sejam as discussões, há discussões! Congregação, Centro Acadêmico, Representantes Discentes de Graduação, até a Atlética (não incluímos a Empresa Júnior nesta listagem pois ela realiza um processo de seleção para os que querem nela ingressar, o que restringe seu público, o que sinceramente não concordamos; já a Atlética, bem que poderá evoluir abrindo suas reuniões a TODOS), e, por fim, o que chamou nossa atenção para este texto, a Avaliação de Curso. Aquela coletiva, no Auditório ou Sala 1 do Pavilhão de Graduação, aquela que atrai poucos gatos pingados e tem um horário meio ruim.

Não esperavámos mais nada da Avaliação após tantos desencantos, contudo assustou-nos a falta de objetividade e de articulação dos colegas para discutirem o curso. Os bixos ainda podem alegar inocência e inexperiência, mas os demais colegas, a partir da turma 010, não têm desculpas. Meus caros, estamos no Instituto de Economia da UNICAMP, não no Colégio Múltipla Escolha!

A busca incessante pelo magnífico, glorioso, destruidor de portas e obstáculos, avassalador, segregador Coeficiente (futuro) de renda (ops!!! Pequeno descuido), Coeficiente de Rendimento acaba dando o tom rumo à precarização do ensino na hora da avaliação. O tom juvenil de:

“Ai meu DEOS! Ela me deu uns 6,2 naquela prova… Essa matéria é muito difícil”;

 

 “Tia, tem que ler o Keynes pra amanhã? aaaaaah”;

 

“Vou pegar matéria com aquele professor porque ele (a) é coxa, aí eu fecho com uma boa nota pra fazer meu intercâmbio”;

 

Cara de choro nunca mudou nada. Nada que sua mãe não quisesse. Esse blábláblá acaba por impedir que os alunos (por iniciativa dos mesmos) façam uma avaliação condizente com o real interesse de aprimorar o curso,o desempenho do professor em ministrar a aula e uma própria auto-avaliação decente, o que recorrentemente alunos desse “reduto de carros zeros 1.0” não o fazem, colocando a culpa sempre no professor, com frases do tipo:

“Nossa, passei a noite inteira estudando. Por que eu fui mal? Aff! Esse professor é muito ruim”;

 

Queremos uma avaliação séria. Queremos professores sérios. Queremos concursos públicos para professores que priorizem o candidato mais apto a exercer a profissão, e não o camarada de núcleo, no qual o estágio probatório está no fim. Queremos ser sérios. Queremos um CURSO sério. Só assim teremos um país sério.

É assim mesmo. Chama na xinxa! Bota o pau na mesa! Não gostou, manifeste-se. Porque nem isso se faz. As raras manifestações, quando ocorrem, restringem-se aos grupos de e-mails ou mensagens no Orkut/Facebook, sempre na linha das “indignaçõezinhas” de plantão. Daí para pregar PRA VOCÊ algo que sempre foi seu, mas você nunca buscou nem foi atrás, já é um passo. Um passo em falso, perigoso.

Alunos, acreditem em nós, ou no ET Bilu, ou no que quiserem: busquem conhecimento! Mediocridade até agora só nos trouxe desgraça.

Professores, colaborem, participem, provoquem-nos, instiguem-nos, critiquem-nos, escrevam-nos, ajudem-nos.  E, sobretudo, abandonem o PowerPoint ou abandonem as aulas!

 Kid Bengala, Carlos Bazuca e Wilson Känu

Por muito tempo a Democracia foi ovacionada como forma de regime inerente a qualquer processo de desenvolvimento capitalista econômico e social. As ideologias nela embutidas – liberdade, individualidade, representatividade, etc. – são consideradas essenciais à vida político-social contemporânea. Entretanto, diversos acontecimentos recentes têm trazido à tona o questionamento de se, de fato, a Democracia vem cumprindo seu papel. A gigante mobilização de jovens na Espanha, a qual vem se espalhando por toda a Europa Ocidental, evidencia isso: ali não se reconhece mais no regime democrático, como ele é hoje, uma via de mudança, melhoramento. Não obstante, a Primavera Árabe mostra a outra face dessa questão: as ideologias nas quais a democracia deveria se basear são almejadas, mas até que ponto na prática a Democracia já não se esvaziou delas e se tornou apenas mais um artefato do status quo?

Tanto em nosso curso de Economia quanto em debates paralelos realizados pelos próprios estudantes,as interpretações mais coerentes para cenários conflitantes como este parecem ser as totalizantes: parte-se da apresentação das relações causais sistêmicasdos dilemas sociais, tal qual a apropriação de conceitos marxistas, com os quaisse defende que a hegemonia do capital por meio de relações de poder desiguais aprisiona a lógica de funcionamento de todas as esferas da sociedade. Mesmo o tão aclamado Estado Democrático de Direito estaria submetido ao capital, tendo sua funcionalidade original (“governar para todos”) distorcida (“governar para poucos”). Dentro dessa ótica, percebemos como é impossívelcompreender as relações locais, e mesmo globais, sem antes entendermos os fatores estruturais do sistema capitalista.

Apesar de essa ser uma leitura de mundo extremamente coerente e bem formulada, indispensável para a formação crítica de qualquer indivíduo, sinto que há nela um grande defeito no que diz respeito às possibilidades de solução e intervenção diretanos problemas político-sociais tão latentes na sociedade contemporânea – ainda que convençamos o mundo inteiro de que os dilemas capitalista-democráticos são fruto do próprio sistema, se não demonstrarmos qual o papel do cidadão dentro da superação desses dilemas, poderemos estar simplesmente alimentando no consciente das pessoas a ideia de que “não tem jeito”, “o sistema é assim e não há como muda-lo”. Daí, um discurso o qual em princípio tem o intuito de estimular a transformação, pode fazer o papel inverso, reafirmando o ideário fatalista. Por isso, considero de fundamental importância que tanto a Academia quanto os próprios estudantes parem de negligenciar um assunto tão importante, passando a discutir não só sobre quais as causas, mas também quais as possibilidades concretas de transformaçãoviaação individual earticulação coletiva, das quais são exemplos as mobilizações descritas no início. Do contrário, nunca sairemos do âmbito das abstrações e nossos debates continuarão esvaziados de sentido.

Para tanto, um primeiro passo me parece ser entender como nos articulamos no espaço, ou seja, qual o nível de alcance de nossas açõesdentro da localidade imediata. Em palavras mais simples: dentro do nosso cotidiano (faculdade, trabalho, casa, etc.) o que pode ser feito? E devo ressaltar que não estou tentando, tal qual fazem diversas teorias de cunho ortodoxo, atribuir aos indivíduos a responsabilidade total do alcance do “bem-estar geral”, mas antes, ressaltando que nenhuma transformação nasce do vento, sem que antes os próprios indivíduos venham a busca-la. Se quisermos uma Democracia verdadeiramente democrática (perdão pela redundância, mas se sou redundante é só porque deixamos que a palavra se esvaziasse de seu próprio significado…) e um país mais justo é necessário que a sociedade reaprenda seu papel dentro de tal regime; e tal papel jamais pode ser o de espectador, o de agente passivo.

Nesse sentido, no que tange à articulação no espaço em prol de transformações para uma sociedade melhor, acredito que as ações individuais têm importância fundamental: a não ser que as pessoas, dentro de seus locais de vivência particular, reavaliem seu modo de vida (repensando se vale a pena ter valores como o individualismo exagerado, o consumismo desenfreado, a passividade política, entre outros que muitos não admitem carregar, mas carregam, como machismo, homofobia ou outros preconceitos em geral) a sociedade não poderá evoluir pelas vias democráticas, pois permanecerá a Democracia enquanto aglomerado de gente com interesses social, ambiental e politicamente destrutivos. Pode soar um tanto quanto ingênuo dizer que o desenvolvimento por vias democráticas depende da mudança de mentalidade e também, em certa medida, de altruísmo; mas insisto na ideia, porque me parece contraditório a possível existência de um cidadão que ao mesmo tempo em que luta por uma sociedade melhor, tem hábitos completamente opostos ao que almeja.

Entretanto, apesar de considerar a ação individual importante, acredito que é a mobilização coletiva a maior ferramenta para seprezar pelos princípios do regime democrático – e, porém, a mais negligenciada. Daí a importância de esclarecer o que entendo por mobilização coletiva, pois a alienação de todos nós em relação aos espaços nos quais poderíamos intervir é tão grande, que o termo “mobilização coletiva” logo é considerado distorcidamente por muitos como ‘coisa de esquerdinha’ ou até ‘delinquência’. Por articulação coletiva quero dizer qualquer manifestação política, ou expressão artística, ou produção de textos, ou qualquer coisa externa ao indivíduo e sua própria bolha, feita em conjunto com outras pessoas.Trata-se não só de ter a capacidade de romper com a ‘naturalidade’ de uma vida enraizada num individualismo exacerbado no qual somos todos estranhos uns aos outros, como também de gerar qualquer contraponto (estético, de discurso, de qualquer formato!) dentro da rotina incessante na qual estamos imersos.

A Democracia está longe de ser a solução para as contradições capitalistas – e talvez em grande medida seja por vezes usada para reproduzi-las… -, contudo, quando a articulação social é capaz de ocupar os espaços de expressão que por princípio devem existir nesta forma de governo, podemos dar um pequeno passo em direção a princípios tão importantes quantoa própria liberdade: equidade, justiça, respeito aos Direitos Humanos. Por isso, gostaria de dirigir este texto não àqueles que o leram e agora estão de perguntando “E eu com isso?”, mas àqueles que, ainda que discordem de absolutamente tudo o que eu disse, queiram pensar um país melhor, uma Democracia melhor. Se discordam de mim: escrevam, se expressem. Se concordam comigo: escrevam, se expressem. Precisamos reocupar os espaços reservados para nós, sociedade, dentro disto tudo. Precisamos, tal como dizia Paulo Freire, abandonar essa estúpida mentalidade da passividade, do ‘ser menos’ e substituí-la pela do ‘ser mais’, do ser agente transformador.

Jéssica (Pocahontas) 09

Fila

Posted on: 13/06/2011

Desde criança ouço que fila é coisa de comunista. Que na antiga URSS, para se obter bens básicos, como sabão, as filas eram quilométricas. Já ouvi uma história (ou uma piada) – se não me engano de um amigo dos meus pais que viveu na União Soviética –, dessas do estilo de português, de dois sujeitos que esperavam o ônibus pela manhã sentados no ponto e pegaram no sono, adormecendo um no ombro do outro. Quando acordaram, se depararam com uma dúzia de pessoas que formavam uma fila a partir deles e os olhavam com cara de curiosidade querendo saber o que os dois esperavam, que também estavam interessados em receber…

A fila é uma coisa interessante. Tudo tem fila. Dizem que é errado cortar. Dizem que todo mundo corta, então vamo que vamo. Dizem que essa história de cortar ou não vem “de casa”, da educação. Dizem que fila faz parte da vida, que paciência é uma virtude. Dizem que fila organiza a vida, dizem que desorganiza. Tem fila para a fila, às vezes fila para a senha da fila da senha. Já ouvi até que namoro é que nem fila – cada minuto que você espera é um a menos que você terá de esperar para conseguir o que quer… E muito mais blá blá blá.

Coisas assim que tenho ouvido por aí. Mas, como sou economista – ou quase um –, fila é economia. É simples. Do jeito que vejo, a economia tem três perspectivas (num grosso modo desgraçado): a de livre mercado, a do intervencionismo e, digamos, a da negação do capitalismo como modo de organização da sociedade, o famoso Marxismo. O primeiro ‘prega’ que o melhor para o bem estar coletivo é a livre iniciativa desimpedida, para que a busca individual nos leve para o aumento da riqueza coletiva, se elevem o agregado das trocas, os preços relativos se equilibrem, etc, e o mundo seja feliz para sempre. A segunda defende que o bicho é do mal, então temos que o colocar numa coleira, ou seja, o capitalismo é uma besta amoral que, se for dar lucro, vende até a alma das pessoas para o diabo, portanto precisa ser controlado, moralizando-o, norteando-o, para que a humanidade consiga usufruir de seu lado construtivo. O terceiro, no seu esforço interpretativo, argumenta que é impossível por coleira no bicho, que é patológico e ponto final; em suma, que neste sistema quando se puxa em cima se descobrem os pés, portanto já “cumpriu seu papel histórico” e está na hora de irmos desta para uma melhor.

E a fila, onde entra? A associação é direta. Se não houvesse fila, isto é, se a liberdade individual fosse, em alguma medida, soberana a uma convenção pública ou, em outras palavras, se a livre iniciativa é exercida sem nenhuma regulamentação, teríamos pessoas caoticamente formando um “bolo” em vez de fila, onde os mais fortes teriam vantagens sobre os fracos – basicamente, é a lei da selva. Por outro lado, se há fila, então temos uma ação intervencionista, de coordenação da anarquia, de planejamento, de organização. Entretanto, por que há fila? É necessária? É justa? Não estaríamos na hora de superar a fila? Dá para exigir que as pessoas tomem a fila? Acho que essa seria a conduta da terceira “vertente” de pensamento, a do marxismo.

Não sei se posso conceituar assim, mas, basicamente, é isso. E fila é isso, é conduta pela perspectiva econômica – que não deixa de ser uma ciência social, por mais que me provem o contrário. A existência da fila e a atitude de entrar na fila é isso, é economia. E economia é a fila. Assim, quando entrar calado numa fila pense que está defendendo um ideal intervencionista da livre iniciativa ou, por outro lado, quando achar que sua liberdade está acima das determinações sociais e furar a fila, você está defendendo a livre iniciativa acima da conduta coletiva socialmente convencionada. Agora, se um dia tremer de indignação perante uma fila neste mundo, então seremos companheiros…

Em tempos de hegemonia das teorias do “capital humano”, onde a educação é vista apenas pela ótica quantitativista (numero de alunos por sala, índice de aprovação, numero de artigos publicados e etc) os aspectos qualitativos do processo socioeducativo vão se esvaindo, e a educação em si mesmo vai se tornando uma grande indústria de produção e reprodução em série de conhecimentos desconexos que deixam de refletir (direta e indiretamente) os problemas apresentados pela realidade. Assim, as discussões programáticas passam girar em torno apenas daquilo que se ensina e não como e de que forma se ensina.

O maior educador do Brasil, Paulo Freire, em vida, foi um dos que mais discutiu estas questões. Consciente das relações de dominação e opressão em nossa sociedade, Paulo Freire, propunha uma educação que não reproduzisse tais relações, e sim a superasse, constituindo uma verdadeira educação libertadora, catalizadora de uma ação e reflexão, que possibilitasse “armar” os oprimidos no seu próprio processo de emancipação.

É neste movimento que ele vai criticar a educação “bancária”, a educação narrativa, unidirecional, que “enche” os alunos (fragmentos da realidade) de conteúdos desconexos (como arquivos segmentados) e vazios de elementos concretos. A ênfase no “o mundo é” teria como pressuposto uma realidade imutável, cujo saber em si, por sua vez, seria antes uma doação, já que supõe um ser que sabe e um ser que não sabe. Há por de trás desta análise uma absolutização da ignorância, que o educador aliena ao educando. Como consequência, este tipo de educação pressupõe a existência de apenas um sujeito (educador) e de um objeto (educandos), onde a realidade é posta como algo petrificada, parada e bem comportada, faltando uma visão de totalidade do mundo, cuja absorção dos conteúdos passa a se dar por meio de memorizações mecânicas. Os educandos se tornam vasilhas ou gavetas onde conhecimentos externos são depositados ou arquivados. Obviamente, para o mesmo autor, este tipo de educação serviria antes aos opressores do que aos oprimidos, visto que o educando é impedido de ser sujeito, ao anular seu poder criador. Assim, os oprimidos não conseguiriam seguir sua vocação histórica de ser mais.

É nestes marcos, portanto, que o Paulo Freire vai abordar a necessidade de se construir uma outra educação, uma educação problematizadora, partindo de outras premissas e princípios. Esta “nova” educação partiria da visão dos homens como corpos conscientes, cuja mesma é intencionada ao mundo e, portanto, não existe consciência separada do homem e nem separada do mundo. Logo, o saber não é algo alheio à realidade e a outros homens, mas antes é fruto da interação entre homens e o mesmo com o mundo. O conhecimento é coletivo, e portanto “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre sí, em comunhão, mediatizados pelo mundo”. Assim, a educação se dá, não na transferência, mas no diálogo, ondo a problematização do objeto do conhecimento (qualquer que seja) será a grande mediatizadora dos sujeitos cognoscentes (educador e educando). Ao contrário da educação bancária, na qual o objeto passível de conhecimento é o fim do ato cognoscente do sujeito, na educação problematizadora o objeto cognoscível é o meio para entrar nos sujeitos cognoscíveis. Ou seja, a reflexão sobre a realidade, sobre o mundo, deve voltar-se para a reflexão sobre si já que não existe separação entre sujeito e objeto (entre o homem e o mundo). Na medida em que vamos conhecendo o mundo (objeto), vamos aumentando o conhecimento sobre nós mesmos e sobre os outros (sujeitos). Esta educação responderia, nestes marcos, à consciência da consciência: conhecer a si não é nada mais do que conhecer a sua história, o seu posicionamento no mundo.

Consequentemente, o educador ao perceber a complexidade do mundo e que o mesmo está em constante mutação, está em constante aprendizado, não alienando sua ignorância. O educador se torna um educador-educando. Ademais, a incidência da reflexão da realidade entre os educadores e os educandos através do diálogo permite ao educador-educando refazer constantemente o seu conhecimento por meio do próprio conhecimento do educando. Logo, o educando passa a ser um educando-educador.

Nesta nova relação os educandos (agora educandos-educadores) são chamados a conhecer, e não a memorizar; a imersão da consciência na realidade tem como resultado uma emersão critica da realidade; a própria problematização da realidade leva aos agentes deste processo a integrarem as partes do conhecimento (por meio das suas interconexões) de modo a formar uma visão de totalidade da realidade. A imersão e a reflexão crítica dos problemas faz com que o conhecimento supere o nível da “doxa” (ingenuidade, senso comum), e siga o nível do “logos” (“razão”).

Esta seria, assim, uma educação como pratica libertadora, já que veria os homens como seres históricos, inconclusos, conscientes da sua historicidade e inconclusão, na busca de ser mais. A educação passa a ser um “quefazer” permanente, já que o mundo não é, está sendo!

“Esta busca do ser mais, porém, não pode realizar-se no isolamento, no individualismo, mas na comunhão, na solidariedade dos existires, daí que seja impossível dar-se nas relações antagônicas entre opressores e oprimidos. Ninguém pode ser, autenticamente, proibindo que os outros sejam, esta é uma exigência radical. O ser mais que se busque no individualismo conduz ao ter mais egoísta, forma de ser menos. De desumanização. Não que não seja fundamental – repitamos – ter para ser. Precisamente porque é, não pode o ter de alguns converter-se na obstaculização ao ter dos demais, robustecendo o poder dos primeiros, com o qual esmagam os segundos, na sua escassez de poder”. (Paulo Freire)

 

Mariano Laplane

Leopoldo Gautieri

Claudio Maciel

Emílio Garrastazu Médici

José Tadeu Jorge

Dom João VI

Fernando Costa

Josef Stalin

Zeferino Vaz

Jean Willys

Humberto Miranda

Dorival Caymmi

Wilson Cano

Carlos Bazuca

Mauricio Coutinho

Dom Casmurro

Luciano Coutinho

Eike Batista

José Serra

Conde Drácula

Paulo Renato Souza

Paulo Maluf

Pedro Luiz Barros Silva

Orestes Quércia

Eduardo Fagnani

Aécio Neves

Pedro Paulo Zahluth Bastos

Jader Barbalho

David Dequech

Tostão

Paulo Sérgio Fracalanza

Huguinho

Célio Hiratuka

Zezinho

Fernando Sarti

Luisinho

João Manuel Cardoso de Mello

Zélia Cardoso de Mello

Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo

Bernard Madoff

José Maria da Silveira

Klaus Schreck

Ricardo Carneiro

Pedro de Lara

Irmãos Dedecca

Irmãos Metralha

Nelson Prado

Nelson Piquet

Sergio Prado

Gugu Liberato

Paulo Eduardo Baltar

Paulinho da Força Sindical

Juan Miguel Bacic

Carlitos Tevez

Ulysses Cidade Semeghini

Edivaldo Orsi

Edgard Antonio Pereira

Tio Patinhas

Gustavo Zimmermann

Armando Falcão

Ademar Ribeiro Romeiro

Blairo Maggi

 

 

 

 

E para nós, alunos? Silvio Santos: “A festa continua/ A casa é sua, pode entrar!”

 

Assinado: Assssssszzzzzzzpirante à Economista


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